ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA I- CRIAÇÃO Pe. OSCAR MALDONADO
Partimos desde um ponto comum.
Olhando para o outro nós perguntamos: Qual é a conceição que temos do ser
humano?. Ele é um ser criado por Deus, tentamos olhar o ser humano a partir dos
óculos da fé; ele é criado a imagem e semelhança de Deus, e porem, cada um está
a presença de Deus. O ser humano é um dom de Deus, estamos aqui pela graça de
Deus. (Gs. 22).
O ponto de partida vem da capacidade
que temos de nós perguntar. Uma fonte é a filosofia e a outra fonte é a
Tradição Bíblica. Estas duas fontes são a experiência humana; e nos como
cristãos chegamos até o verbo encarnado. A história de Jesus é uma pedagogia
divina; os valores que surgem são: justiça, amor, partilha, solidariedade,
vida, reconciliação, perdão, gratuidade, comunhão. Outras coisas que temos que
ter em conta é as contradições e as perplexidades. O ser humano é problema-
problemático e se expressa na angustia- na morte.
1-
QUEM É O SER
HUMANO?: Esta pergunta leva à conceição do ser. Na filosofia clássica, para
saber que é tem que atuar- como é que ele é. Para saber aquilo que é tem que
olhar seu agir. O ser humano foi feito para a autonomia (heteronímia); a vida
não teria sentido se não há autonomia. Mas é possível ter autonomia sendo
religioso...?. A autonomia é fazer aquilo que eu quero.
2-
DE ONDE ELE
VEIO?: Surge com a origem. É fruto do acaso?. Percepção da ciência hoje
(explosão). Religião (a Igreja)- não sabemos como, mas foi alguém que nos
criou. A teologia que se alimenta de uma fé religiosa mantém a teoria de um ser
criador (origem da vida- o Deus criador- Gn. Uma tentativa de resposta).
Possibilidade da evolução, mas não do evolucionismo (o ser humano não veio do
macaco). CRIAÇAO ≠ DO
CRIACIONISMO. (adão- barro- já foi superado). A questão da origem mexe com a
raiz.
3-
PARA ONDE ELE
VAI?: O ser humano se distingue dos outros seres pela capacidade de criar
mundos- coisas- mas isto não prova nada- o sonhar não cria as coisas. A esta
capacidade chamamos de transcendência.
4-
QUAL É O SENTIDO
DA SUA VIDA?: Vale a pena a vida? Como viver? O ser humano resiste
a tantas situações de conforto, pero não resiste à falta de sentido. O que
estamos dispostos a fazer ante estes valores que pomos como importante.
5-
QUAIS SÃO OS
VALORES QUE ESTÃO NA RAIZ?: A qualificação da vida tem a ver com os valores
que nos privilegiamos, mas há que ter em conta que não todos têm a mesma
relevância. A dignidade da vida está na capacidade de discernir. A escolha
desses valores não se faz aleatoriamente, vai depender da escolha que nós
fazemos. Valores fundantes: a vida e o amor.
6-
QUAIS SÃO OS
DESAFIOS PARA UMA VIDA “MAIS DIGNA”?: Quem se propõe viver com dignidade
pode viver, mas é uma tarefa árdua, porque não há uma resposta de sucesso-
garantia previa de sucesso- significa que todas as ações têm uma marca disto.
Por outro lado, ninguém fica indiferente ao fracasso. Saber viver com os
fracassos- lidar- nós dá o rosto humano. Saber conviver com esses fracassos é
humano (fazem parte da nossa caminhada). Há pedras que possibilitam- dão
possibilidades para o crescimento- maturidade.
7-
INDETERMINAÇÃO
DA LIBERDADE... Ser livre constitui extraordinária liberdade. A
liberdade- dignidade é indicação do que o ser humano tem a capacidade de dizer
não, mas também de propor outros caminhos- alternativos. Ele carrega uma
auto-exigência de auto-crescimento, capacidade de construir a história. A
liberdade a medida que vai mostrando essa determinação, vai carregando, vai se
tornando um peso, si se optou por alguma coisa há que assumir as conseqüências-
ser livre tem o seu peso. Quem escolhe, exclui. Por essa razão quem vive em
situação de massa tende a delegar o poder. O ser humano precisa fazer escolhas.
8-
QUAL É A
ORIGINALIDADE DO SER HUMANO DENTRO DA CRIAÇÃO: O ser humano dentro da criação
foi o ser que alcançou maior nível- o ponto mais elevado- diante dos outros
seres vivos. Por muito tempo nos servimos da passagem bíblica da criação-
doação de Deus da natureza ao homem- para explorar a natureza (a crise
ambiental e ecológica que vivemos hoje). O ser humano que faz parte da
natureza. O instinto de posse; tentativa hoje de conscientização; percepção de
uma visão holística- percepção das partes não do todo; recuperar a visão de que
somos parte da criação.
9-
A SITUAÇÃO DO
SER HUMANO DIANTE DA MORTE: As pessoas não aceitam a morte. A raiz das
religiões faz sentido no intento de responder a aquilo que há depois da morte;
diante da morte a pergunta seria é preciso esperar depois da morte? A questão
da morte- da limitação- nos leva a criar
respostas, paraísos artificiais; a resistência à morte pode servir para
demonstrar a sobre a vida- continuação da vida- não é pelo fato de eu querer
morrer que cria o paraíso; não é pelo desejo que se cria o objeto.
10- QUAL A SUA RELAÇÃO COM A SOCIEDADE? Nós somos dos
poucos seres que é capaz de viver sem os outros; dependemos dos outros; o ser
humano por natureza é relacional, por isso, na nossa relação não é casual que o
amor e amizade sejam as formas privilegiadas da humanidade- nos tornam humanos.
Por um lado, nós realizamos com os outros, porem a sociedade privilegia o
individualismo. Para que o ser humano possa atingir números mais elevados de
realização aparece a importância da comunidade. Quem se fecha nesses limites da
individualidade não alcança a maturidade. Encontramos uma sustentação na
Palavra- Evangelho; o próximo- para o cristianismo tudo gira em torno do outro.
11- QUAL É O ESPAÇO RESERVADO À IMAGINAÇAO- ESPERANÇA? Para dominar um pouco basta
com tirar o direito a imaginar- sonhar. Quando a imaginação e a esperança se
atrofiam chega o desespero. A imaginação- esperança pode ser manipulada por
alguém. É importante sonhar- imaginar.
12- PORQUE O SUFRIMENTO? PORQUE O MAL? COMO FICA A
IDEIA DE UM “DEUS PROVIDENTE”? É uma questão interessante no
projeto de Deus. Ficamos contentes- com desejo de justiça ante os culpados, mas
ficamos tristes com a morte dos inocentes, com a injustiça. Incomoda a
injustiça, dali a desconfiança num Deus indiferente ante a injustiça.
I-
O TESTEMUNHO
DA ESCRITURA- A CENTRALIDADE DO SER HUMANO: Na Sagrada Escritura tem
muito mais informação sobre o ser humano que sobre Deus. É testemunho Bíblico,
não dogma. Todo o AT. é decisivo para a antropologia cristã. A Sagrada
Escritura trata o tema do der humano. Trata-se de uma caminhada decisiva, toda
ela permeada por uma caminhada, tosas essas experiências trazem sofrimento e
fracasso (povo de Israel), com isso, o testemunho bíblico traz a luz
experiências humanas- derrotas- lutas. A antropologia teológica se alimenta
dessa experiência, do limite do ser humano; traz-nos- mostra- a experiência
humana com Deus. A importância da história, olhada desde uma ótica religiosa-
caminhada na história- a leitura que o povo de Israel faz da caminhada na sua
história é o que nós chamamos de Revelação. A Palavra- Revelação de Deus
encontra-se na História. (Gerard Bom
Rart: “a Palavra se faz palavra na história humana”; o que caracteriza a
história de Israel é que é vista como história da entrada de Deus). O modo Deus
fala são os acontecimentos históricos- a linguagem que Deus tem é a linguagem
da história humana (Revelação), a história é hermenêutica. A própria Revelação
é uma interpretação da história, por isso, quem lê com a luz da fé pode-se
encontrar com a surpresa da Revelação de Deus. a partir dessa perspectiva podemos
descobrir que fala-se mas do ser humano- testemunho, que sobre Deus, e a razão
teológica desta verdade está na pedagogia da encarnação. Deus se encarnou-
Kenôses. Perfeição humana: ser fiel
a aquilo que nós somos; quanto mais humano, mais divino. O esforço humano é
humano. Deus na sua Revelação é a presença de um Deus gratuito (Jo. “Eu vim
para que os homes tenham vida, e a tenham em abundancia...”). Ele quis ser
humano para que a nossa vida seja mais. Fazemos um divorcio entre teologia e
antropologia; a fidelidade: a Palavra de Deus se mede pela fidelidade;
fidelidade- infidelidade, o ser humano faz parte do discurso do julgamento de
Jesus. Ser fiel à Palavra, mas também ao ser humano. (Jo. “Todo o que fizeres a
um destes, os mais pequeninos, o fizeres a mim”; “amem a Deus e ao próximo”). Em síntese: O ser humano excluído nesta
perspectiva tem um critério muito original; o ser humano pobre, excluído, é a
possibilidade de entender Deus, isto é uma antropologia teológica; não pode
haver oposição entre o que se nos é Revelado na Palavra e aquilo que se nos é
mostrado pela experiência humana.



Não pode Haber oposição entre
Teologia e Antropologia.
Nietzche: A morte de Deus- ninguém pode amar a
esse Deus quando não ama a terra- a vida humana.
-Percebemos que Israel encontra
Deus-Javé na sua caminhada, na história. A linguagem de Deus são os
acontecimentos históricos. A Bíblia testemunha tematicamente mais os ser humano
do que Deus. A fidelidade à Palavra de Deus è essencialmente fidelidade à
tradição humana. O ser humano é a epifania de Deus, através do ser humano
percebemos Deus, a medida de Deus é o ser humano. O ser humano é o ponto de
convergência, de encontro de Deus, por isso não pode haver contradição entre a
revelação- vida humana- e Deus, Revelação e as ciências. “O cristianismo-
catolicismo deve- se apresentar como companheiro de viagem”.
Com Tillard de Jardam, a partir dessas
compreensões é possível afirmar que o verdadeiro progresso do ser humano, é
verdadeiro progresso para o Reino de Deus. Quanto mais nos humanizamos- vida
mais digna- ali o Reino de Deus vai se fazer presente; o Reino de Deus está-se
manifestando aqui, sem esses progressos o Reino de Deus não se faz pressente.
Todo progresso humano leva a mostrar que o Reino de Deus é possível no meio de
nós. Em termos conceituais o Reino de Deus e o progresso humano não
“compaginam”, pois o Reino de Deus é maior. Cabe ao ser humano apaixonar-se pelo
progresso da terra. Gs. 39: “É certo que é-nos lembrado que de nada serve ao homem
ganhar o mundo inteiro, se a si mesmo se vem a perder (22). A expectativa da
nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes activar a solicitude em
ordem a desenvolver esta terra, onde cresce o corpo da nova família humana, que
já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte,
embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do
reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor
organização da sociedade humana, interessa muito ao reino de Deus (23).”O
cristão é alguém que ama apaixonadamente a terra e vê nela o espaço essencial
onde acontece a sua salvação. João Paulo
II dizia: “Todos os caminhos da Igreja conduzem ao ser humano, a Igreja por
tanto, seria especialista em humanidade”. Cumblim
por sua vez dizia: “Todos os caminhos da teologia cristã conduzem ao ser
humano”, a humanidade não é objeto qualquer, ela fica no centro da teologia;
todos os objetos da teologia giram ao redor da humanidade.
-“A Bíblia é
sagrada não porque veio do alto- de Deus, como antigamente se acreditava, mas
sim pelo fato de ser a história da humanidade, da relação do homem com Deus,
com o Divino”.
-Ainda Cumblin disse: A contribuição
especifica do cristianismo na libertação (o cristianismo de baixo, luta pela
vida) o cristianismo não se trata de uma doutrina, de uma conceição da vida,
mas de homens e mulheres reunidos em comunidade (testemunho silencioso da vida
em comunidade); ele compreende com a presença de Cristo, comunidade de
testemunho; desse modo podemos declarar que o cristianismo pode testemunhar com
a vivência, “é possível viver juntos, pôr todo em comunidade”. A possibilidade
de libertação poderia ser o testemunho da vida em comunidade. “O homem deve ser
fiel a ele mesmo, a sua estrutura, como ser criado a imagem e semelhança de
Deus- a estrutura do ser humano é o amor”; a fidelidade ao amor, à estrutura do
homem me faz mais humano, (Jesus veio nos fazer compreender, tomar consciência
disso, a explicitar aquilo que já está no ser humano, o desejo da paz, da
justiça, do amor, mas também a capacidade de amar, de ser justos, de procurar a
paz, etc.).
2-
ELEMENTOS DE UMA CONCEPÇÃO BÍBLICA DO SER HUMANO:
Israel não
coloca em primeiro lugar a criação, não entende Deus como criador, só entendeu
assim quando viu a necessidade do Sábado como dia do descanso (lá no exílio),
eles põem Deus como “Javé Salvador”, aquele que salva, não como criador. É importante para Israel a percepção do Deus
salvador. (Gen. 10- é uma narrativa sacerdotal ingênua) com essa narrativa que
ser quer provar? O que se quer demonstrar é uma verdade de sentido (a
diferencia de hoje que se procura demonstrar uma verdade fatual). A consciência
de Israel é de um Deus que salva (eles- seus pais- viveram escravos por muito
tempo) pelo tanto, o Deus é também criador, esta visão é consciência dessa
outra visão-idéia do Deus salvador tida por muito tempo. (Narrativa de sentido: tem a idéia- uma idéia de fundo; presente nos
primeiros 11 capítulos do gênese). “É Palavra de Deus porque a vida é
testemunho, a Bíblia é uma pedagogia de sentido”. A narrativa do gênese não
quer supervalorizar a sexualidade, não a vê como meio de satisfação, há um
equilíbrio nos textos bíblicos, diferente é a visão agostiniana, achar que tudo
é pecado o que entrou muito na moral cristã. “A sexualidade é só para a
procriação”, é a visão que se teve por muito tempo.
-Elementos de
uma compreensão bíblica do ser humano. Israel compreende que Deus é criador a
partir de sal história. A perspectiva da Antropologia bíblica é histórica e não
dogmática. Os relatos da criação são “históricos” com sentido antropológico e
não factual. A palavra de Deus é muito mais uma pedagogia de sentido do que
verdades codificadas. O surpreendente equilibro da sexualidade no Gênese. A
realidade do pecado (decorar radicalmente da ambigüidade humana). Pecado e
teologia (graça e responsabilidade). A novidade de Jesus de Nazaré. Passagem da
lei para graça.
-O PECADO: O pecado deve ser colocado no
contexto histórico, ele decorre da própria condição de ser humano; ambíguo e
não de um fato pecaminoso. Existe o pecado simplesmente porque o ser humano
existe. Na perspectiva histórica o pecado é chamado de injustiça. Na perspectiva antropológica o pecado é ruptura de relações. Na Bíblia e por
tanto na teologia é pecado. O pecado
decorre da ambigüidade do ser humano e por tanto se demonstra na ruptura das
relações. O pecado de Adão é o inicio não porem, o motivo do pecado.
-O PECADO E A TEOLOGIA:
Tematicamente o pecado é interpretado como infidelidade a Deus (falando
teologicamente). O evento histórico do Êxodo é interpretado como oferta de
aliança que podemos chamar de graça já que é gratuita; como conseqüência-
exigência deste acontecimento surge a responsabilidade. Trata-se de algo que se
realiza na história. a ação concreta do ser humano acontece na história. muitas
vezes afetada pela injustiça, esta injustiça se expressa na ruptura de
relações, o pecado se comete contra o homem- o ser humano que está na nossa
frente, concreto, real e também contra um terceiro que não está, a questão do
pecado deve ser considerada nestas dimensões.
-PERDÃO: É recreação da vida, mas quem
pode recriar isto? Rigorosamente falando é Deus, o perdão pertence ao ato
criativo de Deus, nesta perspectiva se ressalta a justificativa dos judeus ante
as ações de Jesus. Ante o perdão vem primeiro a graça (de Deus) e depois a
responsabilidade. Para a visão Judéia ante o perdão vem primeiro a responsabilidade
das ações e depois vem a graça. A reparação da injustiça é entendida como
pagamento. O perdão gratuito é entendido como conversão não ao contrario,
converter-se para receber o perdão gratuito. Pretender uma reconciliação para a
injustiça é também algo errado, pois faz parte do perdão a reposição-
reconciliação- reconstrução, do contrario não passamos da visão farisaica.
Paulo depois da conversão é diferente, tudo o que a ele acontece é graça de
Deus. Em que consiste a contribuição do cristianismo para a sociedade? Ele deu
o rosto a nossa cultura ocidental, é impossível negar a influência que ele
teve. O cristianismo se fundamenta na graça/caridade, e não na lei como o
judaísmo. Testemunho de comunidade/unidade.
EVANGELIZAÇÃO E ANTROPOLÓGIA: O cristianismo
no mundo é a parte de libertação no mundo (Comblin) por isso evangelização tem
que ser libertação, testemunho de libertação da humanidade, tem que levar
verdade sobre si próprios (não é a velha idéia de levar alguma coisa), mas
testemunhar algo novo, não é mais semear sementes, doutrinas mas despertar nas
pessoas projetos comuns de vida. Ajudar às pessoas a perceber a unidade de
sentido. A proposta de Comblin está muito de acordo com a proposta de Jesus no
seu tempo. O cristianismo deveria se a proposta do homem novo, é a renovação da
convivência, das relações, nesse sentido a escolha dos últimos como encorajados
de tal libertação não deixa de ser gradual, inquietante, porque Deus revelou-se
aos pobres/antropologia humilhada, não gloriosa (Shows, espetáculos,luzes). No
coração do homem existe o novo, mas também o velho. Precisa de uma reviravolta
para falar de humanidade, conhecimento do ser humano, superar o nosso dualismo.
(Comblin 82- reduzir os índios a servos, por meio da teologia justificada. Livro
antropologia cristã de Garcia Rubio- justificamos formas de escravidão). Por
isso Comblin conclui, para os pobres corpos sofridos, esmagados, humilhados têm
que se falar com uma teologia humilhada, mudar ao homem novo, deixar a
dualidade. São Paulo anuncia o homem novo, o aparecimento deste novo acontecerá
na plenitude dos tempos, o novo céu e a nova terra devem começar aqui. A
atitude correta do cristão no mundo hoje deveria ser de esperança, pois nós
acreditamos como verdade que um dia vai acontece, mas começa aqui. O conceito
de nova humanidade passa por homem/mulher- novos; homem/mulher- velhos. A ambigüidade,
no coração do homem existe o novo, mas também o velho, o cristianismo é uma
tentativa de tentar que o velho não vença o novo, isto em conceito é não
existência dos santos, dos perfeitos, o ser humano falha, é um pecador (em
termo teológico), quer fazer o bem, mas não consegue, deseja fazer o bem, mas
termina fazendo o mal como disse Paulo.
O cristianismo é comunitário, não é uma filosofia individual, não
desprezando a realidade individual, da pessoa/ pessoal. Se for verdade isto
devemos retornar para as comunidades primitivas e olhar como testemunhar isso.
-A NOVA HUMANIDADE: Será que
ainda estamos convencidos de que o cristianismo é proposta de nova humanidade?
A opção pelos pobres está sendo esquecida hoje. Há uma preocupação pelo retorno
da liturgia, das espiritualidades antigas. Falar destes temas incomoda, mas faz
voltar ao sentido primordial da vida em comunidade. A necessidade por tanto de
que os membros da comunidade se revistam do homem novo, adotar o modo de viver
dos primeiros cristãos, superando todo individualismo e todo coletivismo (ficar
todos iguais). A liberdade sem serviço leva ao individualismo, e o serviço sem
liberdade leva ao autoritarismo- totalitarismo. Cumblin propõe o Ágape- relacionamento de compromisso
mutuo entre as pessoas, os membros contraem relações bem e obrigações, entre
eles criou-se o bem comum, a solidariedade
aparece nesse contexto. Dali também nasce a koinonia, uma vida comum de participação nos mesmos bens. Ágape é o
bem maior que pode atingir todo ser humano. “As pessoas devem suportar a
comunidade”. Não pode haver despersonalização na comunidade, a importância da
não solidão, a igualdade, o mesmo padrão para todos despersonaliza, priva as
pessoas de serem elas mesmas. Não faz no estilo/espírito de Jesus separar bons-
maus. Jesus ano faz distinção nenhuma, ele privilegia em grupo de pessoas que
nada tem. Jesus sabe muito bem, ele conhece muito bem a dualidade humana. Jesus
escolhe o pobre porque ele contradiz (não é natural aceitar o pobre, temos
preconceitos ante esta condição), contradiz a pessoalidade dominante; assumir a
forma de vida do pobre em todos os momentos nos faz revolucionar-nos, não deixa
de ser sente sentido, a teologia da libertação, uma revolução. A Igreja faz
opção pelos pobres porque neles está a libertação. Pobres: são aqueles que o documento de Puebla enumera; pobreza
entendida no sentido concreto e material, não se trata de considerações/ disposições
psicológicas puramente internas. “Em cada hebreu que saia do Egito, pode haver
um grande faraó”. “O pobre não é uma idéia doce, é altamente provocador, é
ainda uma mina onde podemos encontrar luzes para o sentido da vida em
comunidade, religiosa, cristã”.
QUEM
SOMOS- DE ONDE VIEMOS- PARA ONDE VAMOS- ENIGAM E AMBIGÜIDADE DO SER HUMANO:
Habitamos
apenas um terço do nosso planeta. Acredita-se que nos oceanos vivem mais o
menos um 50% dos seres vivos. Vivemos espalhados pelo mundo inteiro, mais o menos
7 bilhões de seres humanos.
1-
A CONQUISTA
HUMANA ATÉ AGORA: Grandes cidades (mudança do campo para a cidade-
fenômeno mundial). A cidade mais antiga seria Jericó com 10.000 anos. A
aventura humana teria começado na áfrica há mais o menos 100.000 anos atrás. A
importância da língua, a comunicação. Hoje há 10001 formas de comunicação,
antigamente se falavam milhões de línguas. O mar: grande desconhecido foi
“dominado” há apenas 500 anos, hoje o mundo ficou pequeno de mais.
Paradoxalmente porém, existe no mundo quem não sabe escrever, se comunicar, nem
a escrita e nem a leitura ainda são bens universais. A nossa democracia é jovem
de mais. Muitos ainda não conseguiram se emancipar (mulheres, índios, negros,
migrantes). A conquista da lua, a chegada das maquinas até marte (conquistas da
criatividade humana). Todos esses progressos tecnológicos, tudo isso é uma
conquista para benefícios humanos?
2-
O DEVER DE
CONTINUAR PROGREDINDO: Teremos chegado aos limites das possibilidades dos
progressos tecnológicos? Mas seria bom que a ciência perderam um pouco o
dogmatismo, ela põe-se como outra religiao por acima das religiões. O
dogmatismo é meramente dês-humanizante. Há progresso econômico, saúde,
alimentação, o paradoxo é que só alguns têm, não é algo comum. O mundo também
compreendido como uma aldeia desde que foram os nômades até os problemas
complexos das bolsas de valores. O desenvolvimento da agricultura.
3-
UM
RETOCESSO?: Nem tudo progresso humano é motivo para festa, mas
também a própria humanidade e criadora de fenômenos humilhantes (fome,
desemprego, discriminação humana, a perversidade do sistema econômico). O
instinto da guerra é uma particularidade humana. O triste papel das religiões
nas guerras. A manutenção bélica, se gasta milhões para a guerra; a
sexualidade, atos ambíguos e dês-humanização; a homo-sexualidade.
4-
MUDANÇAS DE
VALORES: Os valores sofrem grandes mudanças, desaparecem e surgem outros. Um
dado importante é a hegemonia do cristianismo; massificações e empobrecimento
cultural; o ecossistema é limitado, só é renovável muito lentamente.
5-
O SER HUMANO
COMO UM EU: Entre os extremos a humanidade caminha, mas caminha
para onde? Haverá um norte para a humanidade? A questão que surge agora é sobre
a própria humanidade. O homem dentro do sistema de vida não pode negar a sua
realidade animal- mamífero. (Bulman: homens são todos os que têm rosto humano,
cada ser humano é um processo aberto, sua história é inconclusa, cheia de
trabalho). A condição humana é algo misterioso.
-A CRIAÇÃO- COMO PODEMOS CONTAR ESSA HISTÓRIA?:
-RELIGIÃO: Enquanto linguagem é construção
humana. Linguagem sobre a relação do ser humano com Deus; a religião como
criação humana (linguagem, experiência), é diferente da religião Revelada,
aquela que acontece inesperadamente.
-MITO: É uma tentativa de explicação
cultural, não tem haver com a religião. É a tentativa de explicar um fato não
racional, nem cientificamente. É uma coisa cultural e não necessariamente
religiosa.
-CIÊNCIA: É um estudo; Está cheia de
acertos e de erros; exige provas.
-TEOLOGIA: A fé que procura entender-se melhor,
é ciência porque tem um método próprio.
-CRIACIONISMO: Gn 1.
-EVOLUCIONISMO: Visão caricatural da
compreensão da evolução.
-TEORIA DA EVOLUÇÃO: Crença de
que está tudo em evolução, expansão; diferente ao evolucionismo.
-TEORIA DA CRIAÇÃO: Tentativa de
reflexão do conceito de criacionismo.
-REVELAÇÃO: A manifestação de Deus aos
homens na história.
-SAGRADA ESCRITURA: Livros
sagrados.
A Igreja aceita a plausibilidade da “teoria da
evolução”, porque ainda tenha surgido o mundo de uma explosão (big-bang), Deus
é o autor de Tudo.
A CRIAÇÃO IMPERFEITA: COSMOS, VIDA E O CÓDIGO
OCULTO DA NATUREZA (Marcelo Gleiser)
O universo
está em expansão, via chegar um dia em que tudo vai voltar a sua origem, este
origem é um pontinho, quase como a cabeça de um alfinete (big-bang). A beleza é
apresentada como algo para contemplar, mas não para provar a criação. A vida
nasce do desequilíbrio, da assimetria, (o rosto é bonito quanto tem simetria,
mas em Maryle Monroe a pinta no rosto a faz bonita) ali o assimétrico é
bonito-belo. Apresenta-se a vida como fruto de uma imperfeição, fruto do acaso.
É muito significativo fazer esta afirmação, e muito mais a afirmação que é
fruto da criação de Deus.
AUTONOMIA E HETERÔNOMIA NA DINÂMICA DO SER HUMANO:
A humilhação
do ser humano, segundo os estudiosos- cientistas (Marx, Freud, Nietzsche) dizem
que a religião leva à humilhação, ela leva à heterônoma do que à autonomia (há
desconfiança da religião, daí que asseguram que Deus deve morrer). Daí que religião
e depressão caminham muito juntas. Ninguém tem o direito de impor formas
humilhantes de vida. Há um dever que deve ser observado rigorosamente, buscar
sempre formas de vida mais elevadas. Cada se humano, cada pessoa busca ser
mais. Não é permitido nesse sentido de ser condescendente, ceder, quando está
em jogo algo essencial, mas de onde vem essa necessidade de procurar uma vida
mais digna? Só há uma resposta aceitável, ela tem que vir da mesma estrutura do
ser humano, porque do contrario o ser humano viveria uma forma heterônoma
(ninguém quer ser escravo de ninguém), cada ser humano procura uma coisa que
lhe dignifique. Isto deve partir do autoconhecimento,
aquilo que nos torna mais humanos é aquilo que exige; a fidelidade é também importante, esta se refere ao reconhecimento
e aceitação daquilo que está na consciência. Um exemplo da heterônomia, uma
pessoa quando nasce já tem uns valores, valores adquiridos pela sociedade, pela
tradição, a pergunta seria é possível viver numa sociedade onde eu possa
participar da criação dos valores? De acordo com o autor do livro “o mundo das
moscas”, onde questiona o mal no mundo e a possibilidade de criar uma sociedade
nova onde não exista o mal, tudo isto se seguir a tradição, sem aceitar os
valores que vem da tradição; hoje em dia os adolescentes têm vergonha dos pais,
de apresentar os pais diante os colegas; na re-elaboração dos valores há um impasse,
pensar que as determinações éticas vêm de fora, “eu não estive presente quando
organizaram essa lei”, a lei vem do alto, de fora, isso é o que se chama de
heterônomia, a sua origem a podemos encontrar na sociedade, na opinião publica,
no censo comum, na instituição religiosa; quanto mais misteriosa for a sustentação de uma norma ética mais poderosa
é, quanto mais misteriosa for a sustentação é melhor (os votos de pobreza,
castidade e obediência por exemplo), e a razão é que podemos dominar as coisas
quando se conhecem, neste campo é que a religião ganha poder, pois ela tenta
domesticar, daí a duvida da autenticidade dessa religiao, só que na pratica
algumas pessoas por interesse se deixam domesticar, isto não é humano, toda
religiao que não é caminho de liberdade. Não esqueçamos que o ser humano
carrega em si uma exigência de autonomia, assim também não há dignidade sem que
o ser humano seja autônomo, não pode haver dignidade na escravidão, a ditadura
nesse sentido é a coisa mais aberrante, mas isso não quer dizer que sempre lhe
cabe à pessoa determinar o que é mais ou menos ético, é fundamental não
confundir autonomia com arbítrio (fazer o que quer), não confundir autonomia
com libertinagem, o individuo sempre deve poder dizer não para poder buscar a
sua determinação ética (quando há coisas que ferem a dignidade), não haveria
perspectiva de dignidade humana se a situação heterônoma fora superável. A
heteronomia é a expressão mais comum na história humana, e as religiões estão
na raiz das situações da heteronomia (reis, imperadores, papas) que recorrem ao
poder divino para dominar (vicário de Cristo na terra), mas temos claro que não
é da essência da religiao levar a situação da heteronomia. A atitude de Jesus
frente ao Cesar, por exemplo, para Jesus o Cesar é um homem, ofereça para ele
aquilo o que é próprio dele, as moedas, ele merece o que dele é. Os valores
fundantes não passam pelo crivo da racionalidade, os valores são sempre ato de
fé.
EXPOSIÇÃO: “DEUS CRIADOR”:
-FÉ DE ISRAEL: Encontro com o Deus salvador.
O Êxodo, onde Deus intervêm na história para salvar o mundo.
O autor analisa os diferentes tipos de narração: Javista,
Eloista, Sacerdotal.
-O DEUS CRIADOR: A fé de
Israel, o encontro com o Deus criador. (Gn 2,4b-25; Gn 1,1-2,4a). A fé
embrionária em Deus criador. Há dois relatos bíblicos da criação do mundo, o
primeiro Gn 2,4b-25 escrito pela monarquia, provavelmente no a no 1030; o
segundo relato Gn 1, 26-ss escrito no Exílio provavelmente no ano 586. Nestes relatos,
a cultura judaica tenta dar a resposta da criação, assim quando eles estão em
crise, numa experiência de bacio, de angustia, eles não culpam Deus da
situação, mas procuram no interior do mesmo homem, tentando dar resposta por
meio das narrativas da criação.
Partimos de um consenso, cada um de
nós tem o dever de buscar uma vida mais digna, mas onde se fundamenta este
dever? Fundamenta-se na autonomia baseada no autoconhecimento e na fidelidade à
dignidade humana. (em Israel apresenta-se uma opção de heteronomia, o que
importa é o cumprimento da lei; em Jesus apresenta-se uma proposta autônoma,
ele vai encontra dos fariseus, do cumprimento e o rigorismo da lei, pelo tanto
o Cristianismo na sua origem é uma proposta autônoma, mas na prática
converte-se numa proposta heterônoma). “Ser cristão e ser humano não pode ser
duas coisas diferentes”- Chardam. Os valores que apresenta Jesus não são
trazidos do céu, são valores que se encontram na essência humana, mas Jesus
resgata a sua essência, devolve a dignidade humana. É possível ser autônomo
numa comunidade religiosa, numa Igreja? É possível na medida em que ela não
fere a essência do ser humano.
Que
significa opressão-libertação a partir de uma visão de um Deus criador. Ser
humano livre, situado num mundo de heteronomia, mas que sé encontra autonomia na
medida em que é livre?
-A
REALIDADE DO MAL, O PECADO ORIGINAL, CULPA E PERDÃO:
-TEODICEIA: Tentativa racional
de defender Deus diante do mal. Segundo Agostinho:
o mal é um castigo; para Leibniz:
disse “vivemos no melhor dos mundos possíveis”. Sendo o mundo finito podemos
perceber o mal.
-O
conceito de mal: Não é unívoco, possui varias nuances. Mal moral, físico,
psicológico, estão são apenas características. O que deve preocupara à teologia
propriamente é a questão sobre a possibilidade de acreditar desde a experiência
moral.
-O
mal anti-teodiceia: o que o mal cria no mundo como reação. Dostoweiski: existem dores sem que
exista culpados. Camus: rejeita até
a morte. Sábato: Deus não existe. Manuel Alcântara: “não digo sim, nem
não, mas, se Deus existe, me deve uma explicação”. Epicuro (321-270 a.C.).
Como acreditar num Deus diante esta
realidade do mal. O mal gera em primeiro lugar o ateísmo (exemplo: o terremoto
de Lisboa 1755, awitzch). O mal pro-
teodiceia: existe o mal, logo Deus não existe, por tanto não existe o
sentido. Existe o mal, ninguém pode negar esta realidade, mas por isso mesmo
deveria existir Deus. O mal pode funcionar como anti- teodiceia, mas também
como pro-teodiceia; “o pensamento que não perde a cabeça, desemboca na
transcendência”.
-Adão e Eva: uma releitura do pecado
original e da queda. Leitura tradicional da Igreja Católica. (livro saudades ou
esperança?- Carlos Mesters). Diante de Adão e Eva a Bíblia não descarrega o
problema no outro, mas é convite a que cada um aceite- assuma a parte do mal
que há no mundo, isto é fazer consciência.
A
TRANSGRESSÃO EM FAVOR DA DIGNIDADE HUMANA (LUIZ CARALOS SUSIN): Adão e Eva
são mitos que nos ajudam a pensar. O homem tem que sair de casa para refletir,
para se dar conta (filho pródigo, por exemplo). O homem depende da mulher. Adão
e Eva fazem um gesto audacioso, o ser humano torno-se um de nós (com o ato da
transgressão o homem começou a viver a vida e não ficou no paraíso). É um
convite para a própria superação. A releitura da serpente é a outra face do
próprio Deus, é a divindade que convida, excita a superar limites e a assumir a
aventura da divindade que significa ser homem a traves da liberdade, a ser
humano, se tornar imagem de Deus, assumir com liberdade sua condição
humana.
Rm
5,12-21 -A LIBERTAÇAO DO PECADO, DA MORTE E DA LEI: Parece que
São Paulo está mais interessado na graça do que na questão do pecado.
-O
pecado original no centro de uma cultura: conceições do pecado ao longo da
história. Lutero culpa a razão, ela é uma puta, pois foi viciada pelo pecado de
Adão. Licostene ressalta que o primeiro acontecimento monstruoso que seduziu a
serpente pelo contato com Eva. Simon Vigor (pregador do Séc. XVI), acusava Adão
de heresia. Santa Hildegar, fala do nascimento da melancolia. Quando Adão
desobedeceu à ordem divina, nesse mesmo instante a melancolia aguardou-lhe. A
civilização cristã colocou a queda
original no centro de suas preocupações como uma catástrofe que marcou o inicio
da sua história. Provável criador desse termo de “pecado original” foi Santo
Agostinho. Com o pecado original aparece a ignorância e a concupiscência, nós
somos herdeiros e até hoje somos culpados por isso. O Concílio de Cartago (418)
também fala e condena os que pensam que no céu há dualidades, sobretudo com a
existência de crianças.
-Adão e Eva como releitura do pecado
original e da queda.
-Há uma realidade em cada ser humano
que a Igreja, usando os meios que tinham, chamaram de pecado, uma força que há
em cada pessoa para o menor esforço. Todos nós carregamos uma ambigüidade,
tendência, mediocridade, inclinação para o mal.
Luiz Carlos Susin diz que o único
culpado nessa realidade é o homem.
-O
MAL NO HORIZONTE DE JESUS: A resposta ante o mal é uma pessoa e não um
discurso. É enigmático que Jesus tenha começado a sua vida publica enfrentando
o mal, o demônio no deserto. A experiência do mal não foi a sua única experiência,
Jesus faz a experiência do mal, mas não só esta experiência, também os momentos
de alegria. Jesus conheceu bem a dor e o sofrimento, a historia da paixão, por
exemplo. A resposta em poucas palavras é o amor. Amor que leva ao ser humano e
à realidade que o leva a aceitá-los tais como são. Jesus acreditou e aceitou
Deus desde a experiência do mal (não apesar do mal). Acreditou nesse Deus que
apesar do mal é Abba. O filho do homem é a cabeça que enfrenta o mal, e o
derrota. Jesus se posiciona diante do mal como um místico e não como asceta
(que pretende domesticar o mal, convencido de que não pode ser vencido). O
místico, por sua vez, acredita na vitoria, pois tem fé num Deus que merece esse
crédito.
-ANTROPOLOGIA
TEOLOGICA DA MORTE: O ponto de partida é a vida. Nesta experiência da
vida a fé pode ser uma resposta. A fé nos fala da vida como principio
transbordante que fundamenta tudo o que o ser humano faz e é, e que o ser
humano faz da vida como um dom. A atividade produtiva por outro lado é sempre posterior,
vem depois como decorrência deste principio. Existem situações onde
experimentamos a morte.
1-
O Bloqueio das relações: experiências mal sucedidas, alianças que se
rompem, projetos não concluídos, estes ferem profundamente a vida e fazem
pensar que a vida é transbordante. O pecado quebra relações. Nesse sentido o
bloqueio das relações é a limitação.
2-
A força do mal: a nossa história humana é uma história de guerra do
que de amor.
-EXPOSIÇÃO:
“MORTE E DOR ELEMENTOS DA CULTURA MODERNA”: A morte no mundo
contemporâneo, a repulsa da morte em todos os tempos, o individualismo causador
d medo da morte no mundo contemporâneo.
-O
ontem da morte, a convivência familiar: durante muito tempo, as pessoas não
morriam si ter tido tempo de saber como iriam morrer. 1- lamento da vida; 2- o
perdão dos companheiros; 3- uma prece; 4- absolvição sacramental; estes são
elementos fundamentais no processo litúrgico ante a morte.
-A
familiaridade com a morte e os temores dos mortos: Igreja e
cemitério na antiguidade eram sinônimos. A partir do século XVIII o homem
tentou dar novo sentido para a morte. Desejava-se a morte do outro e
esqueceu-se a morte própria.
-A
morte natural: é entendida a morte não como uma intervenção divina,
e há um processo de biologização, onde a biologia e posta ao serviço do homem,
mas muitos se aproveitaram disso, pois estava no meio o dinheiro.
-A
medicalização da morte: Ante a morte há solução é a medicina baseada na
teologia, onde se aproveita a tecnologia para prolongar a vida.
-O
silêncio da morte: A morte passou de ser um show, com choro, gritos,
tristeza ao publico, para um ato de solidão, agora se vive a morte no
individual, pois o que antes era considerado como natural agora da vergonha.
-Hoje em dia é proibido ser triste, a
sociedade exige a felicidade, onde o credo deve ser “ser feliz”, e os
medicamentos se convertem em uma ferramenta para aliviar a dor e chegar à
felicidade.
-“Deus sofre com a gente”- até Jesus
na cruz falou ao pai para apartar o cálice da dor; mas, como entender Deus, Pai
e criador, diante um Deus que sabe o que é a dor, diante ao sofrimento?
-Deus é amor: O sofrimento de Deus é
ativo. O amor aproxima-se da dor. Ao se falar de ressurreição tem que se falar
a partir da vida terrena.
-Hoje a morte perde sua importância.
Nos antepassados revelavam essa sacralidade pela morte, é ali onde se revela
esse sentido de humanidade diante da morte. A compreensão de ser feliz hoje é
uma luta contra a própria morte, o desejo de querer ignorar a própria morte.
Mas diante da morte surte o tema da ressurreição, a morte não é que
automaticamente nos leva à ressurreição, mas é preciso não esquecer esses dos
fluentes onde nos alimentarmos, a visão grega que entende que o ser humano é
uma dualidade- espírito e corpo- alma e corpo- alma imortal e corpo mortal. Mas
se a alma ao se separar do corpo, para que falar de salvação?
-EXPOSIÇÃO-
A TEOLOGIA DA CRIAÇÃO: A criação como: dom, ele é revelada como um dom
criador, mistério, kénosis, ação de graças, sacralidade do corpo e da matéria.
-MISTÉRIO: ante o
mistério da criação o autor nos convida a olhar a crise ecológica, para a qual
temos que criar uma teologia que nos ajude a olhar e dar respostas as crises
que nos circundam. A proposta principal é fazer uma releitura da criação, mas
em uma perspectiva cristã, uma releitura que passa pelo dialogo entre criatura
e criador. Uma criação que passa pelo conceito trinitário. Antes da criação,
nós fomos desejados por alguém, pelo criador. A encarnação como horizonte de
sentido, em Cristo tudo encontra sentido. A criação como morada do Espírito
Santo.
-A modernidade terminou limitando até
o próprio Deus, agora ele é considerado como uma ex-maquina. Deus torna-se
desnecessário, onde o centro de tudo é o homem, Deus já não faz parte dos
nossos projetos. Fil 1,1-11: Expressão da solidariedade de Deus.
-DOM
DE DEUS: Deus que cria do nada. Esta é fruto do amor ágape, feito com
gratuidade, sem esperar nada em troco. Apresenta a Cristo como o centro de
nossa salvação.
-AÇÃO
DE GRAÇAS: A função e a percepção do corpo. Na modernidade o corpo é visto como
uma coisa separada, matéria e alma, “Cogito ergo sum- penso, logo existo”,
mostra a separação. Jesus Cristo bem a redimensionar tudo o que é corpo e bem a
dar sentido.
-Preocupação com o tema da crise
ecológica, tema da campanha da fraternidade deste ano (2011).
IMORTALIDADE
DA ALMA E RESSUREIÇÃO DOS MORTOS:
1-Uma verdade de fé- associada a duas concepções antropológicas: Grega: duas realidades, uma
realidade platônica, alma e corpo; é como que a junção, onde a alma é imortal e
o corpo é algo que vai passar; A cultura Semita: apresenta a unidade. Que na
pratica do Cristianismo está junção foi terrível, pois se desvalorizou o corpo,
tudo é pecado, mas também pela desvalorização da própria história, e sobre tudo
do ambiente da ressurreição. A verdade de fé é a crença de que Jesus está vivo,
mas sem ele morreu aconteceu alguma coisa.
2-O cristianismo- o ser humano é unidade fundamental (ele é mortal na
sua totalidade). Como solucionar o problema da dualidade ao qual temos chegado os
cristãos? Ao rezar pela alma de uma pessoa não é errado sem estendemos alam
como a totalidade da pessoa, caso contrario, sem estendemos alma como uma parte
estamos ficado com esta dualidade da concepção grega. o cristianismo por mais
que tenha usado a linguagem platônica vai dizer que o ser humano é uma
totalidade e a sua vida chega até a morte, depois dali acabou, a morte é o fim
de tudo, chega-se ao precipício. Quem pode restituir, restaurar as coisas é
Deus.
3-Ressurreição: é uma recriação da vida (é um ato criador). Ao falar de ressurreição,
falamos de ressurreição da pessoa não de corpo, mas de sua compreensão na
totalidade. Nessa perspectiva que significa a condenação? A condenação é
entendida como opção pela morte.
4-Em nome da missão a Igreja associou essas duas concepções. Na história, de acordo à
época e o tempo ela usou essa metodologia grega para dar explicação às
compreensões cristãs.
5-O que significaria o reencontro da alma com o corpo ressuscitado. Nessa perspectiva se fala de
encontro da pessoa como totalidade não como algo material diferente ao
espiritual.
6-Ressurreição de Cristo enquanto pessoa e não corpo. A nossa verdade de fé é: O
Senhor está vivo! A mostra do tumulo vazio é uma compreensão teológica tardia.
7-Distinção entre Ressurreição e Ressuscitação. A verdade de fé- O Senhor
está vivo! Entendeu-se como ressurreição, isto é como recriação da vida, e o
único que pode recriar a vida é Deus. A recriação da vida não se refere a
méritos, mas a graça. Diante da graça a gente só pode aguardar e ter um
espírito aberto para acolher. O Cristianismo deveria ser o testemunho deste
Deus que é gratuito, mas no caso contrario se faz um estrago muito grande. A Ressurreição pertence à graça; enquanto a
ressuscitação refere-se a devolver a vida (os médicos procuram devolver a
vida); Lazaro e a filha da viúva, eles volveram a viver, mas chegará o momento
que vão morrer.
8-Perspectiva Paulina 1 Cor. 15. “Seria vã a nossa fé se não
acreditamos na ressurreição”.
-O SER HUMANO VISTO DESDE A
PERSPECTIVA CRISTÃ: Diante ao ser humano acontece uma relação de mistério porque não
compreendemos o que ele faz, o mesmo que acontece ante o fato da ressurreição
de Jesus, a qual é um mistério para nós. Mas do que conclusões continuam as
questões que deverão ser aprofundadas. Esse perguntar é um ato de inteligência
que faz à racionalidade. Afirmamos que o nosso interesse pelo ser humano é
motivo pelas contradições e perplexidades porque ele não é, por inteiro, parte
de seu ambiente (saber as contradições não nós livra da ambigüidade, mas sim
nos ajuda a ser melhores cada dia). A teologia neste sentido não deve ser
dogmática pois se quiser ser significativa para o ser humano deverá revelar
potencialidades e possibilidades porque no ser humano há um significado que vai
além do simples existir. É a dimensão de transcendência sem a qual ele jamais
poderia atingir níveis superiores aqueles que lhe são garantidos pela natureza
desde seu nascimento. Quem é o ser humano? É um mistério, que
não deve, que não pode ser entendido como objeto. Mas isto não impede às
diversas ciências de apontarem caminhos que procurem maior dignidade. A
antropologia teológica também tem a sua importante contribuição. Por exemplo,
ela nos lembra que as razoes de convivência não podem interferir em seu
comportamento moral. Só é eticamente correto aquilo que corresponde à estrutura
mais profunda do ser. (corre o risco de trair a se mesmo). Qual é o sentido da vida? É uma questão que ficou flutuando sempre
diante dos temas como a liberdade, autonomia, heteronomia, a morte, etc. Dizia
Albert Camus que a questão do sentido é a mais fundamental do ser humano. Quais os valores que sustentam o nosso
projeto de vida? A qualidade da vida humana mantém estreita ligação com os
valores que privilegiamos, ainda estes mudem no decorrer do tempo, há valores
fundamentais como a vida e não perdem o sentido no tempo. Quais os desafios para viver com dignidade? Onde se fundamenta a indeterminação da liberdade? Sabemos que ser
livres significa dignidade. A liberdade é indicação de que o ser humano detém a
capacidade de dizer não à ordem constituída e de propor alternativas tentando
ser fiel à estrutura mais profunda de seu ser. Em que consiste a originalidade humana na criação? O ser humano por
atingir um nível elevado de consciência, constitui o ponto mais alto no
universo criado. Porque a vida pode
situar-se no horizonte da morte? Qual é o espaço reservado à imaginação e à
esperança? Quando a imaginação e a esperança vão juntas pode-se sair
adiante, mesmo na escuridão (o homem na cadeia, onde tudo está fechado, ao
conservar a esperança não vira louco). Porque
o mal e o sofrimento?
-QUESTÕES PARA O DIÁLOGO
FINAL:
- A antropologia teológica é compreendida como um “mergulho”. Na
condição humana a partir do olhar da fé cristã. Quais são as questões
fundamentais da disciplina da Antropologia Teológica.
-O tema do “dialogo” entre ciência e religião sobre a “nossa origem”.
Perceber os argumentos da religiao e os argumentos das ciências. Como está o
dialogo hoje.
-Os temas de Autonomia e heteronomia.
-Em que sentido o Testemunho Bíblico é um referencial decisivo para a
Antropologia cristã.
-Ver a importância (ou até mesmo a superação) da compreensão de Javé
como Deus salvador.
-Como entender a providencia de Deus e o acaso? Ver Dei Filius Cap I...
-Como entender Jesus cristo Salvador e criador? Gd S. 22
-A importância da comunidade como lugar privilegiado de testemunho de fé
cristã.
-Que podemos dizer como relação à antropologia teológica da morte?
-Como reler o tema de Adão e Eva nos nossos dias? Pecado original, culpa?
-Porque é importante pensar sobre a questão do mal?
-Alguns elementos para refletir a questão da ecologia nos dias de hoje.
Tarefa: escrever numa folha
a partir da pastoral, a história do bem.
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